domingo, 27 de dezembro de 2009

O fracasso da reunião de Kopenhagen

"Como é de conhecimento público, foi um fracasso a reunião dos 30 países industrializados para a redução de emissões de carbono.
Surgiu apenas uma declaração e não um tratado.
Nosso Presidente Lula foi o mais aplaudido.
Também pudera, é a melhor cabeça como presidente.
E representa um país de peso no contexto mundial.

Vamos analisar os vilões em detalhes, no meu ver:

O uso e abuso indiscriminado e desnecessário de bens de consumo, o consumismo, base da teoria capitalista, é similar ao jogo de uma pirâmide, com a necessidade de ingresso constante de novo capital para sustentar os velhos participantes.
A falha de um faz desmoronar a pirâmide toda.
No mundo capitalista a dinâmica é essa, a produção não pode parar.
Os bens de consumo têm uma data de validade pré-definida.
Aí se cria o círculo vicioso, os bens se autodestroem, precisam ser repostos e a mão de obra não para de fabricar porque não paramos de comprar.

No tempo do Ford de bigode, o famoso Ford 28 era um bem de consumo sumamente durável, podendo durar até 100 anos se bem conservado.
Que carro hoje em dia conserva o seu valor comercial e qualidade após 10 anos de uso?
Praticamente nenhum.
A simplicidade, sinônimo de durabilidade se perdeu.
Ficou em seu lugar a suntuosidade, a alta tecnologia aliada aos bens descartáveis.

O que tem a ver tudo isto com o aquecimento global?
Tudo a ver.

É que o aumento de produção de bens de consumo e supérfluos de baixa duração incluindo-se os automóveis de passeio, exigem mais produção, mais fábricas, maior consumo de combustível fóssil, e em conseqüência uma maior emissão de carbono na atmosfera.
As grandes siderúrgicas funcionam com base no carvão.
A sugestão seria fabricar bens com maior durabilidade em menor quantidade.
Utilizariam-se menos funcionários sim e estes deveriam ser remanejados para outras áreas dos mais diversos setores.
As fábricas do mundo inteiro diminuiriam os seus ritmo frenético até chegarem no mínimo necessário.

O que acontece hoje é tudo o contrário, o mundo inteiro gira em torno do aumento da produção atendendo as demandas.
É a corrida maluca atrás do lucro exorbitante, com o consequente e prejudicial resultado que todos nós conhecemos bem.
Entramos numa corrida transloucada de sofrimento, de escravidão, de poluentes, em detrimento do cultivo e crescimento de uma melhor espiritualidade como um bem maior a ser alcançado.
Utilizamos todo nosso tempo disponível no trabalho para produzir objetos muitas vezes desnecessários restringindo nossos momentos de lazer ou elevação de nossa alma a mínimos instantes.
É uma China super industrializada e poluidora, um EUA campeão da poluição mundial.

As fábricas não estão erradas.
O conceito que está errado.
A ânsia do crescimento ilimitado que aumenta a produção de bens até níveis críticos e prejudiciais ao meio ambiente.
A mentalidade mercantilista da produção está em desacordo com a capacidade do mundo em suporta-la.

Para que trocarmos o nosso veículo de passeio cada dois ou três anos? Por pura vaidade.
Para que corremos na loja quando saem os novos TV digitais? Puro consumismo.
Esse patamar, a essência do nosso espírito consumista, essa engrenagem está errada.
Produz-se aquém de nossa necessidade.
Alimentamos um ogro gigante que vai acabar devorando-nos.

Grande inocência a nossa quando pensamos que temos na Amazônia o nosso “pulmão do mundo”.
Ninguém vive só com os pulmões em bom estado.
Precisamos de um corpo em geral com boa saúde e disposição.
Incluindo os pulmões, claro.

O nosso mundo tem uma capacidade de auto regular-se igual à dum ser vivo, mesmo sem sê-lo.
Ele mantém a temperatura, a umidade e tudo o necessário em sua superfície para o mantimento de todas as formas de vida.
Isto já faz em média 3 bilhões de anos, desde o início da vida.
Só que ele contava com todas as florestas existentes no mundo inteiro para regular o seu sistema.
Junto às correntes marítimas, o degelo, os ventos, o frio e o calor.
No momento em que grande parte do mundo acabou com as grandes florestas, pouco ou nada vai resolver a Amazônia sozinha.

O sistema mundial de auto-regulação, chamado de GAIA não vai entender isto nem salvar o Brasil da falência do sistema.
Temos o pulmão do mundo sim, só que em nossa candida inocência ignoramos que outros pulmões são igualmente necessários para a sobrevivência. E eles não mais existem.

Não é você ou eu deixando de comprar um carro novo ou artigo desnecessário que vamos melhorar a situação mundial.
O caso é que se perdeu totalmente a relação capacidade de produção/suporte do nosso planeta.

Os cabeças pensantes dos governos é que deveriam tomar uma diretiva nesse sentido.
Limitar a produção de bens no mundo inteiro, diminuir o consumismo, melhorar e muito a qualidade dos produtos para utilizarmos por mais tempo.
Que aliás, um dia foi assim, no tempo que se fabricavam produtos para durarem muito.
Depois, num gesto de excesso de ambição e cobiça, o mercado se prostituiu, começaram a degradar a qualidade e nos incentivar e obrigar a consumir mais.

Ai começou o descalabro.
Liquidificadores que duravam 20 anos, começaram a durar dois anos simplesmente.
E foi com a totalidade dos produtos a mesmíssima coisa.

Muitos de nós viveram nessa época, da qualidade dos produtos.

Deveríamos diminuir o consumo de carne vermelha, estes animaizinhos estão dando-nos o troco com os seus traques.
Poluindo o meio ambiente com os seus “suspiros”.

É a doce e silenciosa vingança contra o abate, que ainda pagaremos caro.
Numa quarta parte dos territórios utilizados para pastagens poderia se plantar soja para uma população quatro vezes maior do que os comedores de carne.
A proteína produzida é equivalente ou melhor.
Não é só questão de consciência coletiva ou cultura nacional.
Grandes interesses comerciais movimentam a população como marionetes.

Se considerarmos que os maiores políticos são donos de enormes estâncias com as maiores frotas de cabeças de gado, começaremos a entender porque ninguém vê defeitos na carne vermelha, e só vantagem no seu consumo.

Durante mais de 50 anos nos encheram de propaganda, das mais caras possíveis para nos vender e viciar fazendo-nos acreditar que era charmoso utilizar as mais diversas marcas de cigarro.
Se hoje em dia pararam foi por causa da pressão internacional, porque do lucro dos impostos do tabaco, o governo não abre mão.

Para efeitos publicitários, nas grandes estatísticas não representamos mais do que um número. E ele oscila para mais ou para menos. Somos a grande massa de ovelhas impensante e obediente que seguimos a instrução de um pastor (de ovelhas).
A massa se desloca para onde a ferramenta deles (agências publicitárias, meios de comunicação) nos envia.
Quando existe uma safra muito grande de café e têm excedentes, aparecem na mídia uma propaganda nos mostrando os “benefícios” de se tomar um cafezinho.
Daí as ovelhas vão correndo, e depois de 30 ou 50 anos tomando café é que descobrimos como é “proveitosa” essa ingestão, graças à propaganda.

Se um dia algumas das ovelhas começarem a pensar tanto e quanto os pastores pensam, haverá sim uma revolução.
Uma total revolução no consumo, na produção e consequentemente no problema maior, do aquecimento global.

Antes disso não se deve esperar nada, cada governo puxa a sardinha pro seu lado.
Em pró de benefícios econômicos que favoreçam a sua nação.
E o interesse dos seres vivos que aguarde pacientemente até o mundo (GAIA) nos mostre sinais claros e irreversíveis que a autodestruição já começou."


Enviado por Norma Meneguelli em 20/12/2009.

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